Festival Gastronômico de Penedo - 2016


Se no ano passado caímos de paraquedas no meio do festival (confira o que achamos aqui), desta vez nos programamos para aproveitar o máximo do que ele tinha a aproveitar. Uma grande diferença dessa terceira edição foi o não tabelamento de valores dos pratos oferecidos, que custavam R$ 29,90 e R$ 34,90 na primeira e segunda edição, respectivamente. Essa mudança deveria dar aos restaurantes maior liberdade na elaboração de pratos, permitindo a apresentação de algo mais sofisticados, com maior qualidade e complexidade. Porém percebemos uma pequena queda na variedade dos pratos e, ao contrário do último ano, poucos pratos despertaram em nós aquela sensação de 'preciso experimentar esse prato'. Ainda bem que fomos surpreendido por muitas das nossas escolhas.

Um ponto relevante é que alguns valores fugiram bastante do esperado para um festival. Seguindo a ideia dos anos anteriores, esperávamos encontrar um prato no valor máximo de R$ 50, mas havia pratos custando R$ 80,00. Isso não seria um problema se o prato apresentado tivesse condizente com o valor mas, isso não aconteceu.

Algo que sentimos muita falta esse ano, foi de um site específico do festival. Foi criado um evento no Facebook onde foram postadas as informações dos restaurantes participantes como endereço, telefone e horário de funcionamento (isso é muito importante para quem vai durante a semana!) juntamente com o seu prato participante. A apresentação ficou infinitamente mais bonita, porém menos prática, além de faltar uma explicação mais detalhada de alguns pratos.

Esse anos a organização do evento se preocupou em oferecer um brinde para aqueles que decidissem degustar os pratos do festival. A cada três pratos diferentes, você tinha direito à uma caneca de chopp (bem bonita por sinal). A dinâmica era simples, você recebia um cartãozinho que era carimbado a cada nova refeição e no último eles trocavam o cartão pela caneca, ali mesmo no estabelecimento. Achei muito prático você não precisar se descolar até um ponto de trocas, ponto para eles por isso. Vale lembrar que esse ele tinha uma edição limitada. Foram vinte dias de festival e faltando uma semana para o fim chegamos a ouvir de um restaurante que, para eles, só restavam mais duas unidades, mas não sabemos se alguém chegou a não recebê-la. Também foi feita uma cerveja artesanal exclusiva para o festival, que era encontrada a venda em todos os restaurantes participantes.

Uma grande decepção foi a falta de palestras. Na divulgação foi anunciado que haveriam palestras, mas a única divulgada precisou ser cancelada por motivos de força maior. Achei uma pena, porque seria uma forma ainda mais interessante de atrair o público e movimentar a cidade que, basicamente, só funcionada a partir de quinta-feira.

Entre todos os participantes inscritos na seletiva, 19 restaurantes foram escolhidos para participar do festival e nós escolhermos 7 deles para participar. Entre o nosso critério para escolha dos pratos estavam: restaurantes que havíamos visitado no ano anterior (através do festival ou não), misturas inusitadas para nós (como ingredientes doces na refeição) e coisas que nunca comeríamos normalmente (risoto!). Abaixo segue alguns restaurantes que visitamos e nossa opinião a respeito dos pratos:


Medalhões ao Shitake com Risoto de Abobrinha (Bella Cittá - R$61,00)

Nunca fomos fãs de risoto, mas esse festival nos provou o quão gostoso ele pode ser. O prato veio bem bonito e na medida certa para matar a fome. O medalhão estava bem temperado e macio, com molho suficiente para toda a refeição. O risoto contia, além de abobrinha (que era outro ingrediente para o qual eu torcia o nariz), cogumelo shitake e estava simplesmente sensacional. O prato se tornou ainda mais saboroso quando experimentamos tudo em conjunto, uma combinação deliciosa.


Fraldinha com Bavette L’Anicienne (Jardim Secreto - R$ 56,00)

Aqui houve uma mistura de encanto e desencanto. Além do prato do festival, pedimos bruschettas de uma entrada. Para quem não conhece, esse é um prato tipicamente italiano que nós adoramos e, inclusive, servimos no nosso noivado. Essa foi meu único desencanto, pois achei que estava muito simples, com pouco recheio e o pão torrado demais (o suficiente para machucar nossas gengivas). Uma qualidade infinitamente inferior à de outros restaurantes em que comemos e que podem ser considerados menos requintados. No prato principal veio o encanto. Um dos melhores pratos que experimentamos, e o que mais surpreendeu (além dos risotos, rs). Ele era bem simples: um bife de fraldinha em uma cama de batatas, coberto com um crispy (de algo que não identificamos). Porém a carne te conquistava na primeira garfada por ser extremamente e muito macia. O crispy, além de trazer contraste para o prato, era sensacional! Me arrependi de não ter perguntado de que era feito. Falando um pouco sobre o restaurante, o Jardim Secreto é bem famoso na região por sua beleza e sofisticação. Ele fica afastado quase dois quilometro do centro, mas isso lhe garante a calmaria do local. Fomos a noite, mas foi o suficiente para identificar o potencial do seu jardim. Ah, e logo que chegamos fomos recepcionados no estacionamento com direito a porta do passageiro aberta e tudo. Ainda bem que eu estava vestido de maneira apropriada, rs.


Sanduiche Belga (Tonttulakki Jäätelô - R$ 22,00)

Apesar do nome remeter a algo salgado, essa era uma sobremesa deliciosa. O único doce oferecido no festival. É um brownie de chocolate belga recheado com sorvete de creme e geleia de mirtilo, acompanhado de chocolate belga meio amargo. Ele não é enjoativo, mas se você não for muito fã de doce, pode dividi-lo tranquilamente. O restaurante fica situado dentro da Pequena Finlândia e as atendentes foram muito prestativas ao oferecerem uma jarra de água para acompanhar. É válido dizer também que foi o único local onde recebemos nossa caneca embrulhada adequadamente.


Pintado com Sauté de tomates e frutas secas e Risoto Siciliano (Vernissage - R$ 49,00)

Bem afastado do centro, aqui temos o vitorioso no quesito ambientação. O restaurante nos presenteia com um mescla entre o formal e o informal. Situado ao lado de um córrego e quase adentrando a floresta, ele permite que o cliente interaja diretamente com a natureza. Suas janelas estavam abertas, permitindo que alguns pequenos pássaros voassem perto de nós, além de possuírem bebedouros e galhos para o bel prazer dos beija-flor. São detalhes, mas que transforam nosso almoço em uma experiência única. No quesito gastronomia eles também não ficaram para trás. O Pintado estava temperado de forma impecável, sem nenhuma espinhas e as frutas secas deram todo aquele charme do 'doce-salgado' sem ficar agressivo ao paladar. Até a Andressa que costuma odiar essa mistura gostou muito. O risoto Siciliano possui um leve toque cítrico por conta do limão e também foi uma surpresa. Quando comido combinado com o peixe, ficava perfeito. Pelo foto não fica visível, mas esse prato era enorme! Foi o restaurante que apresentou o melhor custo-benefício. Para beber pedimos uma limonada suíça ao leite condensado. Nunca havia pensado nessa mistura, mas foi a melhor limonada que provei até hoje.


Mingnon ao molho de estragão com purê de damasco (Villa Goumet - R$ 45,00)

Damasco é uma fruta 'odiada' por nós. Depois de tê-la provado com o pintado, decidimos arriscar neste purê. Para nossa surpresa o gosto era bem suave, de forma que mesmo puro, ele não causava estranheza ao nosso paladar. O Mingnon em si dispensa comentários, foi a segunda carne mais saborosa que comemos no festival, mas o molho merece muitos elogios. O estragão era mais um elemento desconhecido por nós e se mostrou muito gostoso. Mais uma vez, a união de todos os elementos tornou a combinação muito saborosa. Esse foi o ano das surpresas, aqui encontramos um restaurante totalmente reformulado em comparação ao ano passado, cheio daqueles detalhes que fazem a diferença, ele se tornou muito mais aconchegante e convidativo.


Pizza Caprese (Deck Pizzaria - R$ 41,00)

Infelizmente, não entendi qual o atrativo desse prato para estar em um festival gastronômico. A pizza de muçarela de Búfala, tomate seco e pesto de rúcula foi assada na lenha em uma massa extremamente fina. Não que estivesse ruim, pelo contrário, ela possui seus méritos e eu comeria outras vezes com prazer, mas não vi nada inovador. Realmente nos arrependemos por não ter escolhido a outra pizza disponível no festival. E o preço também nada teve de “festival” pelo tamanho da pizza.



Tornedor ao vinho do Porto com Pomme Lucienne (Casa da Picanha - R$ 36,00)

Esse restaurante é especializado em carnes e no último ano apresentou o nosso prato favorito do festival. Não esperamos deles nada menos do que uma carne extremamente macia, daquelas que a faca se faz desnecessária e realmente encontramos isso. Porém acabamos nos decepcionando com o prato de uma forma geral, o que foi consequência da nossa alta expectativa. O prato foi um dos mais bem apresentado, mas o ponto da carne não foi padronizado e a batata, apesar de combinar bem, não estava tão saborosa quanto esperávamos.


Essa foi nossa experiência com o Festival Gastronômico de Penedo em 2016, e ano que vêm tem mais.

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